O ultimo fumo de Inverno

Sento-me na beira do passeio acompanhada pela minha própria sombra numa noite escura de Inverno. Chove a potes e o frio faz-se sentir, o isqueiro teima em não fazer o que quero. Finalmente, cigarro aceso e mato o meu vício, ou pelo menos, um deles. Não se pode ter tudo e enquanto tenho este que nunca me abandona, tive outros que abandonei, que me abandonaram. Expiro o fumo que inalara segundos antes, quase me sufocava. Não me sufoques mais, liberta-me de ti, deixa que me liberte, não me prendas que eu dispenso este vício de ti. Faz como eu, agarra-te às memórias do que fomos e liberta-te do que hoje somos. Chegas e abraças-te a mim, não dei conta dos teus passos. Cedo, cedo a este desejo enorme de te ter por perto. Tudo aquilo que pensei perdeu-se no breve instante de um abraço apertado. Abraça-me novamente, abraça-me enquanto puderes, enquanto aqui estiveres. Já vais? Ainda é cedo, vou ter saudades tuas.